ORCHIDACEAE

Cattleya bicolor Lindl.

Como citar:

Miguel d'Avila de Moraes; Tainan Messina. 2012. Cattleya bicolor (ORCHIDACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

NT

EOO:

238.390,478 Km2

AOO:

100,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

A espécie ocorre no Cerrado e Mata Atlântica, nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal (Barros et al., 2011). A espécie não é endêmica do Brasil, ocorrendo nas Caraíbas, Venezuela, Colômbia, Argentina e no Brasil, onde é encontrada no Distrito Federal e nos estados do Sudeste e Sul do Brasil, exceto no Espírito Santo (Pabst e Dungs 1975, 1977; Batista e Bianchetti 2003; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009 apud Barberena, 2010). No PARNA do itatiaia a espécie ocorre a uma altitude de 600m. Já Souto et al. (2010) e Suzuki et al. (2010) afirmam que a espécie é endêmica do Brasil.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2012
Avaliador: Miguel d'Avila de Moraes
Revisor: Tainan Messina
Categoria: NT
Justificativa:

<i>Cattleya bicolor</i> não é endêmica do Brasil. Em território nacional é uma espécie que ocorre no Cerrado e Mata Atlântica, nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Possui ampla extensão de ocorrência de 203.837 km². A espécie possui um histórico de ameaças às suas subpopulações. Os distúrbios de origem antrópica vem causando fragmentação a seu habitat, há mais de 90 anos em alguns locais e atualmente suas subpopulações estão restritas a locais inacessíveis ou inexplorados. Outro fator é a dinâmica natural da vegetação, principalmente a retração de áreas de campo limpo inundável e campo limpo estacionalmente úmido e sua substituição por capoeiras; o resultado é que as espécies desta família que normalmente ocorrem no campo inundável tendem a desaparecer. Além destas ameaças, a coleta predatória vem ocorrendo há décadas e tem contribuído significativamente para a redução de sua população devido seu alto valor ornamental. Caso as ameaças ao habitat e a coleta indiscriminada nãocessem, a espécie poderá, em um futuro próximo, se tornar ameaçada de extinção. Diante do exposto, <i>Cattleya bicolor</i><i> </i>foi avaliada como Quase Ameaçada

Perfil da espécie:

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: ​Indivíduos da espécie são vendidos, em média, por R$40,00 em floriculturas (http://www.galeriadasorquideas.com.br/produto.phpcod_produto=1187222)

População:

Flutuação extrema: Sim
Detalhes: ​Em mais de 40 anos de estudo realizados no Parque Estadual de Ibitipoca a espécie foi registrada apenas uma vez (Menini Neto, 2007), sendo uma espécie rara na localidade.

Ecologia:

Biomas: Cerrado, Mata Atlântica
Fitofisionomia: Em território brasileiro, é encontrada em florestas estacionais semidecíduas, em Florestas Ombrófilas de elevada pluviosidade do leste, em florestas de galeria no Platô brasileiro e em florestas alagadas no Cerrado (Pabst; Dungs 1975, 1977; Pridgeon et al., 2005; Menini Neto et al., 2007; F. Barros, com. pess. apud Barberena, 2010). No Distrito Federal a espécie ocorre em mata úmidas, ou mata de galeria inundável (Batista; Bianchetti, 2003). No Parque Estadual de Ibitipoca a espécie ocorre em floresta estacional semidecidual (Menini Neto et al., 2007).
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane
Detalhes: Ervas 30-84 cm alt., podendo ocorrer como epífita, rupícola ou terrícola (Forster, 2002; Menini Neto et al., 2007; Barberena, 2010). Uma típica Cattleya bifoliada que pode formar grandes grupos, como epífita ou litófila. A espécie necessita de luminosidade elevada, mas não direta, boa movimentação de vento, verões curtos, mas com chuvas pesadas e invernos longos (em ambiente um tanto úmido) a 500-1000m de altitude na Serra dos Órgãos. A floração ocorre em fevereiro e março e as flores duram por duas semanas, mas elas caem rapidamente quando são polinizadas (Miller et al., 2006)

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
11 Other
​Apesar de ser encontrada no Parque Nacional de Itatiaia, a espécie está restrita às formações florestais montanas e foi coletada pela última vez há mais de 90 anos, sendo Benfica a única localidade conhecida para a espécie. Esta área, localizada a 600 m de altitude, nas proximidades da atual entrada do Parque (Posto 1), sofreu inúmeros distúrbios, particularmente nas primeiras décadas do século XX (Barberena, 2010)
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Extraction
Em função da distribuição restrita no PARNA do Itatiaia e, principalmente, do elevado valor ornamental, presume-se que C. bicolor esteja extinta localmente. Possivelmente, exemplares foram coletados freqüente e clandestinamente ao longo de décadas ou, então, os indivíduos remanescentes encontram-se em refúgios peculiares, ainda inexplorados e/ou de difícil acesso (Barberena, 2010).A coleta predatória da espécie tem contribuído significativamente para a redução de suas populações. Outro fator é a dinâmica natural da vegetação, principalmente a retração de áreas de campo limpo inundável e campo limpo estacionalmente úmido e sua substituiçãopor capoeiras. O resultado é que as Orchidaceae que normalmente ocorrem no campo inundável tendem a desaparecer, uma vez que a capoeira que substitui o campo abriga poucas espécies desta família (Batista; Bianchetti; Pellizzaro, 2005).

Ações de conservação (3):

Ação Situação
1.2.1.3 Sub-national level on going
​(VU) Vulnerável na Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).
Ação Situação
5.7 Ex situ conservation actions on going
Alvarez-Pardo e Ferreira (2006) executaram testes de germinação e armazenamento de sementes em freezers. Os autores concluíram que é possível o armazenamento das sementes, mas após 42 meses essas sementes perdem sua viabilidade, e não germinam.
Ação Situação
5.7 Ex situ conservation actions
​Ventura (2007) também conduziu experimentos de propagação in vitro da espécie, assim como Mora et al. (2008), Souto et al. (2010) e Suzuki (2010).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
Ornamental
​Espécie ornamental (http://www.galeriadasorquideas.com.br/produto.phpcod_produto=1187222).